Desde que o AutoSport mudou de imagem, tenho-o comprado todas as semanas, e há coisa de um mês e meio, começaram a vender uma colecção do Michel Vaillant por 3,9 euros + o preço do jornal.
Devo dizer que nunca tinha tido vontade de ler os livros, pois não estava a ver que histórias é que se poderiam produzir à volta do mundo automobilístico.
Ora bem, 5 ou 6 números depois, posso afirmar que não estava muito errado. Os livros que foram publicados até agora não são maus, mas também não são nada de especial. Algumas histórias ("O Homem de Lisboa", "Desapareceu um piloto") são um pouco simples demais.
No entanto, acho que os livros valem a pena pelos excelentes desenhos e pela recriação em papel de grandes corridas e ambientes (Le Mans, Indianápolis, etc).
Já agora, aproveito para perguntar se, na história do automobilismo, já houve alguma equipa que participasse em mais que uma frente. A Vaillante tem carros em Le Mans, Indy, Ralis, F1, etc...
Conhecem alguma equipa que tenha tido algo parecido?
Um abraço!
Michel Vaillant
Não conheço os albuns mais recentes de Michel Vaillant. Mas conheço os antigos - aqueles cuja acção decorre até aos anos 70. Na minha opinião, qualquer heroi de banda desenhada, sobretudo herois "de massas", como é o caso, tem que ser visto em contexto, sobretudo social, mas também do papel da BD nos tempos livres.
Quais os valores com que os jovens se identificam e, que tipo de herois podem admirar?
Michel Vaillant aparece em pleno "boom" da banda desenhada franco-belga "clássica". Estamos a falar dos anos 50/60, ou seja: primeiros movimentos de juventude "rebeldes", noção de familia como centro da sociedade, a Guerra Fria no seu auge, um grande desenvolvimento do automóvel particular, etc, etc. A banda desenhada é considerada "infantil" ou "juvenil", um meio ainda considerado "menor". Neste contexto, Michel Vaillant vem preencher um vazio, o do desportista piloto de automóveis.
À medida que os albuns se vão sucedendo, as histórias abordam os temas "em voga", tanto no desporto, como na sociedade em geral: as grandes corridas do Mundo (Fórmula 1, Le Mans, Indianapolis, como disseste, mas também a Carrera Panamericana, Sebring, Mille Miglia, as maratonas tipo Londres-México, Stock-Cars, Rallies - há um album todo passado no Rally TAP, "Cinq filles dans la course"); o Recorde do Mundo de Velocidade - "Mach 1 para Steve Warson"; as motos - "Rodeo sobre duas rodas"; os aviões a jacto, outra "loucura" que fazia sonhar os jovens - "Concerto para pilotos"; a rivalidade Ocidente/União Soviética - "O oitavo piloto"; os duplos de cinema - "Les Casse-coeurs". Tudo com muita aventura e, um pouco de romance "à mistura".
Embora, à medida que crescemos e a nossa visão do Mundo evolui, muitas desta aventuras deixem de fazer sentido, elas não deixam de ser um olhar muito romântico e ternurento de uma certa época de "heróis" que nos faziam sonhar.
Por outro lado, é sempre engraçado "folhear" os albuns e ver os carros, os circuitos, os pilotos, de outos tempos.
Michel Vaillant sobrevive tantas décadas que, apesar da sua ingenuidade, acaba por ser um repositório da competição automóvel pós-anos 50.
Pronto entusiasmei-me outra vez.
Quais os valores com que os jovens se identificam e, que tipo de herois podem admirar?
Michel Vaillant aparece em pleno "boom" da banda desenhada franco-belga "clássica". Estamos a falar dos anos 50/60, ou seja: primeiros movimentos de juventude "rebeldes", noção de familia como centro da sociedade, a Guerra Fria no seu auge, um grande desenvolvimento do automóvel particular, etc, etc. A banda desenhada é considerada "infantil" ou "juvenil", um meio ainda considerado "menor". Neste contexto, Michel Vaillant vem preencher um vazio, o do desportista piloto de automóveis.
À medida que os albuns se vão sucedendo, as histórias abordam os temas "em voga", tanto no desporto, como na sociedade em geral: as grandes corridas do Mundo (Fórmula 1, Le Mans, Indianapolis, como disseste, mas também a Carrera Panamericana, Sebring, Mille Miglia, as maratonas tipo Londres-México, Stock-Cars, Rallies - há um album todo passado no Rally TAP, "Cinq filles dans la course"); o Recorde do Mundo de Velocidade - "Mach 1 para Steve Warson"; as motos - "Rodeo sobre duas rodas"; os aviões a jacto, outra "loucura" que fazia sonhar os jovens - "Concerto para pilotos"; a rivalidade Ocidente/União Soviética - "O oitavo piloto"; os duplos de cinema - "Les Casse-coeurs". Tudo com muita aventura e, um pouco de romance "à mistura".
Embora, à medida que crescemos e a nossa visão do Mundo evolui, muitas desta aventuras deixem de fazer sentido, elas não deixam de ser um olhar muito romântico e ternurento de uma certa época de "heróis" que nos faziam sonhar.
Por outro lado, é sempre engraçado "folhear" os albuns e ver os carros, os circuitos, os pilotos, de outos tempos.
Michel Vaillant sobrevive tantas décadas que, apesar da sua ingenuidade, acaba por ser um repositório da competição automóvel pós-anos 50.
Pronto entusiasmei-me outra vez.
Re: Michel Vaillant
Como mero exercicio de memória: ao mesmo tempo, não! Houve equipas que estiveram em várias frentes, mas raramente implicadas oficialmente em disciplinas tão dispares.Marco wrote:
Já agora, aproveito para perguntar se, na história do automobilismo, já houve alguma equipa que participasse em mais que uma frente. A Vaillante tem carros em Le Mans, Indy, Ralis, F1, etc...
Conhecem alguma equipa que tenha tido algo parecido?
Nos anos 50, década de construtores, era normal estes estarem na resistência e na F1 - Lancia, Ferrari, Maserati, Mercedes.
Nos anos 60, a F1 fica para os "construtores de garagem", Le Mans para os "construtores" e, o Rally ainda é (e será), dominio dos carros de série. Exceptua-se a Ferrari, que continuará na resistência + F1 até 73. No final dos anos 60, a Porsche participa oficialmente na Resistência e em Rallies, mas deixou uma breve passagem pela F1 nos inicio da década. A Alpine também faz Resistência e Rallies.
A Cooper experimenta Indianapolis, além da F1 (A Ferrari e a Maserati já o tinham feito na década de 50). A Lotus também, com sucesso, mas vai igualmente a Le Mans, no principio da década (Chapman desentendeu-se com os senhores do ACO em 63, se não me engano e, prometeu nunca mais voltar).
A Lola faz várias passagens pela F1, paralelamente ao seu "pão para a boca", a resistência. Mais tarde, dedica-se também a Indy/CART.
A Matra faz F1, Resistência e, uma experiência "estranha" - o Tour de France, uma espécie de mega-Rally com quase todas as provas de classificação disputadas em circuitos fechados - no principio dos anos 70.
Nos anos 80, a Porsche faz Resistência, F1 (com os motores TAG Turbo), uma experiência falhada em Indianapolis (e. mais tarde, na CART).
Ainda na década de 70, a Renault abandona os Rallies para vencer Le Mans e, abandona a resistência para vencer na F1.
No final dos anos 70, a Alfa Romeo fez oficialmente Resistência, F1 e Rallies, ao mesmo tempo.
Podemos ainda considerar que a Ford, ao longo da sua vida, sempre esteve presente em todas as disciplinas. Mas, seria ignorar que cada disciplina era atacada por uma equipa (e um pais) diferente. P.exemplo, Alan Mann/Carrol Shelby na Resistência, Cosworth na F1, Lotus e Alan Mann nos turismos, Ford GB nos Rallies, Ford Alemanha nos turismos, etc.
Mas a memória prega partidas!